Mais de mil cientistas de todo o mundo, sobretudo psicólogos e neurocientistas, assinaram uma carta aberta apelando a um cessar-fogo em Gaza, na Palestina, e à pressão da comunidade internacional para que Israel respeite o direito humanitário internacional, segundo a agência noticiosa espanhola EFE.
Os signatários incluem os prémios Nobel May-Britt Moser e Edvard Moser, da Noruega, e Susumu Tonegawa, do Japão.
Vários investigadores espanhóis, incluindo Pablo Lanillos, membro do grupo de Inteligência Neuro-Artificial e Robótica do Instituto Cajal, também assinaram a carta.
“Este apelo é poderoso porque vem de neurocientistas - pessoas que estudam como o cérebro percebe e processa esses conflitos”, disse Lanillos à EFE.
A carta condena a violência cometida por todas as partes, incluindo os ataques de 7 de outubro de 2023 do Hamas, a manutenção de reféns e “inúmeros crimes de guerra” cometidos por Israel, que já matou mais de 48 mil pessoas em Gaza desde o início do conflito, há mais de um ano.
Para todos os povos
Os cientistas dizem que a região está presa num ciclo destrutivo de violência e vingança que mina a possibilidade de coexistência pacífica, acrescentando que “o ódio, a morte e a destruição” estão a impor-se.
De acordo com a agência EFE, a carta diz que a psicologia humana muitas vezes exagera as diferenças entre grupos em conflito, mas também aponta para uma capacidade universal de empatia e cooperação.
Os cientistas pediram à comunidade internacional que pressione Israel a acabar com a guerra, inclusive interrompendo a venda de armas ou reavaliando os acordos de cooperação.
“Não somos contra o povo israelita”, diz a carta. “Somos a favor de todos os povos - israelita, palestiniano e libanês”.
As actuais políticas de Israel, argumentam, infligiram danos irreparáveis aos palestinianos e puseram em risco a segurança do seu próprio povo.
A carta surgiu de uma iniciativa de investigadores da Universidade de Sorbonne, em França, e de Princeton, nos EUA.