Dizem que a vida começa aos 40 anos.

E, aos 44, você já está velho, de acordo com um novo estudo. Ou talvez 60, se você tiver sorte.

O estudo, de coautoria de pesquisadores da Universidade de Stanford e da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura, desafia radicalmente a crença comum de que o envelhecimento humano ocorre gradualmente.

O novo estudo propõe a teoria de que o envelhecimento ocorre em duas explosões repentinas, por volta dos 44 e 60 anos de idade.

Embora a “gerontologia” - o estudo da velhice e do processo de envelhecimento - tenha decolado nos últimos anos com os avanços da ciência e da tecnologia, o assunto tem fascinado a humanidade há muito tempo.

O antigo filósofo grego Platão acreditava que a velhice traz a liberdade dos desejos e distrações mundanas da juventude, enquanto Aristóteles “detestava a velhice como um declínio natural que era tanto físico quanto moral”.

O novo estudo, publicado na revista “Nature Aging”, no entanto, analisa a questão apenas do ponto de vista físico, rastreando centenas de milhares de moléculas nos grupos amostrais - 108 pessoas com idades entre 25 e 75 anos.

“Não estamos apenas mudando gradualmente ao longo do tempo... Acontece que a metade dos 40 anos é uma época de mudanças drásticas, assim como o início dos 60”, disse o Prof. Michael Snyder, autor sênior do estudo e diretor do Centro de Genômica e Medicina Personalizada da Universidade de Stanford.

O estudo, no entanto, não diz por que as idades de 44 e 60 anos podem ser marcadores significantes no processo de envelhecimento, mas os autores planejam mais pesquisas para esclarecer melhor seu trabalho.

Mudanças não lineares

O estudo confirma pesquisas anteriores não relacionadas, que indicavam que os seres humanos não estão envelhecendo de forma gradual.

“Embora muitos estudos tenham explorado as mudanças lineares durante o envelhecimento, a prevalência de doenças relacionadas ao envelhecimento e o risco de mortalidade se aceleram após pontos de tempo específicos, indicando a importância de estudar mudanças moleculares não lineares”, escreveram os sete coautores em seu artigo.

“A análise revelou padrões não lineares consistentes nos marcadores moleculares do envelhecimento, com desregulação substancial ocorrendo em dois períodos principais, aproximadamente aos 44 e 60 anos de idade cronológica”, disseram os autores.

Além dos 44 e 60 anos, o projeto conjunto EUA- Singapura também sugeriu que outras idades, como 55 anos, também são importantes.

Muitos acadêmicos que trabalham com modelos geriátricos chamam esses padrões não lineares de “ondas” de envelhecimento. Pesquisas anteriores descobriram que os seres humanos enfrentam outra “onda” quando chegam aos 75 anos.

Dicas para pacientes e médicos

Os resultados da pesquisa recente, juntamente com estudos anteriores, podem ajudar tanto os pacientes quanto os médicos a tratar diferentes doenças com mais cuidado, levando em consideração o fato de que as pessoas podem ser muito mais vulneráveis a várias doenças e problemas de saúde em determinadas idades, como 44, 55, 60 e 75 anos.

Os autores do estudo “identificaram determinados módulos nos grupos que sugerem um aumento não linear em vários riscos de doenças” em idades em que as pessoas estão envelhecendo mais rapidamente do que em outras épocas, de acordo com o artigo.

Após os 60 anos de idade, segundo os resultados, as pessoas podem ter “uma escalada não linear” em relação ao risco de doenças cardiovasculares, renais e diabetes tipo 2 (T2D), que era conhecido anteriormente como diabetes de início na idade adulta, uma forma de diabetes.

Os pesquisadores aconselharam que as pessoas na faixa dos 60 anos precisam consumir muita água para acelerar o funcionamento dos órgãos do corpo, o que ajuda particularmente os rins a funcionarem melhor, proporcionando imunidade essencial contra doenças.

Os participantes foram examinados a cada 3-6 meses enquanto estavam saudáveis e tinham diversas origens étnicas, acrescentou o estudo.

Pense duas vezes sobre 55!

Vários estudos anteriores sugeriram que o envelhecimento feminino pode estar relacionado à menopausa, que geralmente ocorre quando as mulheres atingem idades entre 45 e 55 anos. Mas a pesquisa realizada na Califórnia descobriu que esse é “surpreendentemente” o caso não apenas das mulheres, mas também dos homens.

“Isso sugere que o ponto de transição observado aproximadamente aos 55 anos de idade não é atribuído apenas à menopausa feminina, mas representa um fenômeno comum no processo de envelhecimento de ambos os sexos”, diz o artigo da pesquisa.

“Esse resultado é consistente com estudos prévios, apoiando ainda mais a noção de que esse ponto de transição é uma característica importante do envelhecimento humano”, acrescentou.